sábado, 28 de outubro de 2017

Homofobia: aluno abraçado com namorado leva pedrada após calourada na UFPI

O estudante da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), Josivan Nascimento, relatou em seu perfil no Facebook e confirmou à reportagem do OitoMeia que foi agredido com pedradas no rosto na manhã deste sábado (28/10), após uma festa de Halloween, popularmente conhecida como calourada, realizada na instituição na noite de sexta-feira (27/10). Ele suspeita de homofobia, já que no momento da agressão esperava um ônibus na parada do Centro de Ciências da Educação (CCE) e estava abraçado a outro rapaz com quem havia se relacionado durante a festa.
Ao OitoMeia, o estudante informou que levou um “baque” ao receber a pedrada e ficou atordoado. “Fiquei zonzo por um bom tempo. Levei mais ou menos uns 15 minutos para voltar a ter ação de novo”, disse. Segundo Josivan, o fato ocorreu por volta de 6h30, quando ele estava na parada 1 do CCE com mais duas pessoas e, sem aviso prévio ou justificativa, foi atacado com uma espécie de tijolo ou bloco de concreto na cabeça.
“Haviam vários jovens no local que de imediato o imobilizaram, só conseguia perceber que havia sangue saindo da minha boca e nariz, e pedaços de concreto no chão. De imediato, as pessoas que lá estavam acionaram a ‘segurança’ do campus, e essa por sua vez, negligenciou totalmente o ocorrido, percebi​, longe, os guardas se afastarem, como se nada tivesse ocorrido. Alguns dos jovens que lá estavam ficaram revoltados (com razão) e tentaram contra o agressor (quero deixar registrado que sou contra qualquer tipo de violência, de qualquer natureza, seja ela física, psicológica, etc)”, informou ele em seu post.
DE VÍTIMA A AGRESSOR
O estudante informa que a polícia foi acionada e conta que os policiais questionaram se ele o conhecia, fato negado por Josivan. “Só pouco mais de uma hora depois chega uma viatura ao local. Questionaram o que havia ocorrido, e para minha surpresa, o agressor que em momento algum falara, como ainda estava sujo de sangue, disse que eu o havia agredido, os policiais de imediato enquadram a situação como briga (se caracteriza como briga o embate, enfrentamento de forças, e não um ato cruel, covarde e sanguinário como o que tinha ocorrido)”.
Ele critica o fate de ter passado de vítima a agressor, aos olhos dos policiais, por mais que tivessem mais de dez testemunhas dizendo o contrário, segundo o aluno. “Os policiais tentavam a todo instante me induzir a não levar o caso a Delegacia. Aí eu me pergunto, será esse o perfil da polícia do nosso estado? Uma polícia inerte, ineficiente, que toma partido, que forma um juízo de valor a luz de suas crenças religiosa e ideológicas, sem pelos averiguar o que de fato aconteceu?”, questionou no texto.
Na Central de Flagrantes de Teresina, Josivan afirma que ficou tenso, pois o delegado o informou que ele não poderia registrar ocorrência ali, já que a pessoa a qual ele acusava também o denunciou por agressão. Ele deveria, portanto, fazer exame de corpo delito e seguir a uma Delegacia da região onde ocorreu o fato. “Ou seja, se mais para frente eu prestar concurso, se aprovado e me for solicitado ficha corrida na polícia, meu nome estará vinculado a um B.O. de briga”, desabafou o estudante.
UFPI SE POSICIONA
Em nota ao OitoMeia, a superintendência de Comunicação da Ufpi, por meio da reitoria, informa que já está apurando a ocorrência. A investigação da universidade visa saber se a vítima fez um boletim de ocorrência, quais os seguranças estavam de plantão, em relação à inércia relatada pelo agredido, e se a festa foi autorizada pela administração superior.
Leia o relato feito pelo estudante em seu perfil no Facebook:
Fonte: OitoeMeia | Edição: SIM NOTICIAS

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