quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Brasil tem quase 3,9 mil casos suspeitos de microcefalia

Foto de 23 de dezembro mostra menino Elison, de 10 anos, cuidando de seu irmão de 2 meses José Wesley, que nasceu com microcefalia, em Poço Fundo, no Pernambuco (Foto: AP Photo/Felipe Dana)
Os casos suspeitos de microcefalia relacionada ao vírus zika subiram de 3.530 para 3.893, de acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira (20) pelo Ministério da Saúde. O dado atualizado considera os casos desde 22 outubro de 2015, quando começou o monitoramento de microcefalia no Brasil, até 16 de janeiro deste ano.
Dos 3.893 casos notificados, o Ministério da Saúde informou que 230 tiveram confirmação de microcefalia, outros 282 foram descartados. Os demais 3.381 casos continuam em investigação.
O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, apontou que o número de casos confirmados e descartados é semelhante. “Isso ainda não é uma projeção, mas serve como referência para entender o que está acontecendo”, afirmou.
O número anterior havia sido divulgado na semana passada e correspondia aos casos registrados até 9 de janeiro deste ano.
A microcefalia é um quadro em que bebês nascem com o cérebro menor do que o esperado (perímetro menor ou igual a 32 cm) e que compromete o desenvolvimento da criança em 90% dos casos. As causas exatas do surto no Brasil ainda estão sendo investigadas, mas há fortes evidências de que o zika vírus tenha relação com o surto.
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Ele circula no país desde maio do ano passado e uma das hipóteses é que chegou aqui junto com turistas que vieram para a Copa do Mundo. Os casos de microcefalia coincidem com áreas em que o vírus circulou no ano passado.
O vírus zika é transmitido especialmente por mosquitos infectados, principalmente o mosquito da dengue, o Aedes aegypti. A maioria das pessoas não tem sintomas, mas quando surgem são principalmente erupções na pele, olhos vermelhos e dores no corpo. Eles desaparecem em até uma semana, em geral.
Em novembro, o governo declarou estado de emergência em saúde pública no país por causa do aumento de casos de microcefalia no Nordeste.
Estados
Os dados divulgados nesta quarta se referem a notificações feitas em 764 municípios de 21 unidades da federação. De acordo com o Ministério da Saúde, Pernambuco segue como o estado que apresentou o maior número de casos suspeitos: são 1.306, o que representa um terço do total registrado no país. Em seguida, estão a Paraíba, com 665, e a Bahia, com 496.
Carnaval
Cláudio Maierovitch afirmou que o "esforço concentrado" dos governos deve servir para interromper a proliferação do zika nos próximos meses. Sobre o aumento da circulação de pessoas no país durante o período do Carnaval, inclusive para estados em que existem os maiores números de casos suspeitos, como Pernambuco e Bahia, ele afirmou que pessoas com o vírus já foram identificadas em "praticamente todos os estados".
"A circulação grande de pessoas pelo país não deve ter impacto muito grande porque o vírus já está circulando", disse. "O que pode acontecer é que algumas pessoas que estão em lugares com muito pouco mosquito podem adquirir em algum outro lugar, mas não muda a vulnerabilidade do estado. O contato já existe".
Para especialistas, a passagem de milhares de turistas por capitais com tradicionais carnavais de rua em estados com alto número de casos de bebês nascidos com microcefalia e suspeita de ligação com o zika vírus pode representar um "coquetel explosivo" e ajudar a espalhar ainda mais a doença pelo país.
Mosquito transgênico
Questionado sobre o uso de mosquito geneticamente modificado para ajuda a eliminar o Aedes aegypti, Maierovitch disse que, neste momento, não há possibilidade de essa tecnologia ser usada "como a grande medida de controle para impacto nacional".
Segundo ele, os próprios pesquisadores indicaram que hoje não haveria estrutura para uma ação que desse cobertura a uma cidade do tamanho de Recife (PE), por exemplo. "O que conseguimos saber até agora é que existe a possibilidade de que a utilização do mosquito transgênico se confirme no futuro como instrumento para controlar a população de Aedes, mas a dimensão, a magnitude dos modelos experimentais feitos ainda é pequena", afirmou.
Prevenção
O Ministério da Saúde recomenda que as gestantes adotem medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doença, com a eliminação de criadouros. O governo também recomenda que as mulheres grávidas mantenham portas e janelas fechadas, usem repelente para gestantes e vistam calça e camisa de manga comprida para evitar a exposição aos mosquitos.
Fonte: G1

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